A mais recente entrevista do senador Rogério Marinho teve como principal objetivo negar as especulações de que ele poderia ser candidato à Presidência da República. Ele se referia a uma reportagem do jornal O Globo, publicada na última quinta-feira, que afirmava: “Um grupo político ligado a Jair Bolsonaro tem trabalhado para cacifar o senador Rogério Marinho (PL-RN) como alternativa para concorrer à Presidência da República.”
Sempre acreditei que houve, lá atrás, alguma conversa entre Rogério e Bolsonaro que fez com que o senador potiguar praticamente jogasse para o alto todo o seu projeto de disputar o Governo do Estado, um plano que vinha sendo executado com cuidado ao longo de todo o ano de 2024. Também acredito que Bolsonaro deve ter feito alguma promessa a Rogério, seja de que ele seria seu vice caso pudesse disputar novamente, seja de que seria o candidato do grupo, caso Bolsonaro estivesse inelegível.
Fato é que, de repente, Rogério se tornou o mais fiel aliado, o maior defensor, o porta-voz das causas bolsonaristas — inclusive das mais absurdas. Passou a dar entrevistas em nome do ex-presidente e a defendê-lo com fidelidade canina. Paralelamente, Bolsonaro insinuava que tinha um “namoro” com um caboclo nordestino para ser seu vice.
Após a publicação da notícia em O Globo, sugerindo que Rogério poderia ser o nome para 2026, o senador correu para conter os rumores. “Acreditamos que ainda há uma GRANDE possibilidade de Bolsonaro reverter esse quadro, através da anistia, por exemplo”, declarou Rogério.
Esse argumento soa tão falso quanto uma moeda de três reais. Até uma criança percebe que o projeto de anistia já perdeu completamente a viabilidade. E lá vem Rogério dizer que a chance ainda é “GRANDE”.
Não tenho mais quase nenhuma dúvida de que houve, sim, um acordo entre Rogério e Bolsonaro. Isso explicaria sua fidelidade extrema e sua adesão a todas as pautas bolsonaristas, inclusive às mais indefensáveis. Tudo isso em troca da esperada bênção política.
O GRANDE problema — e aqui o “GRANDE” é real — é que Jair Bolsonaro hoje só enxerga duas opções à sua frente: a cadeia ou o exílio nos Estados Unidos. Com isso, diminuem drasticamente as chances de o ex-presidente ser uma peça relevante na eleição de 2026, restando a Rogério a frustração de um plano que, desde o início, tinha cara de plano fantasma.