Algumas decisões políticas tomadas nos bastidores do poder estadual começam a ser tratadas como irreversíveis pelos próprios protagonistas. A partir delas, um novo cenário se impõe no Rio Grande do Norte e aponta para uma eleição indireta na Assembleia Legislativa para a escolha de um governador tampão.
A governadora Fátima Bezerra tem reafirmado que deixará o cargo em abril. Segundo ela, a renúncia faz parte de uma estratégia nacional do Partido dos Trabalhadores e não há margem para recuo. A decisão, segundo interlocutores, está consolidada.
Do outro lado, o vice-governador Walter Alves também tem transmitido uma posição definitiva. Ele não assumirá o Governo e será candidato a deputado estadual em 2026. Com isso, elimina-se a possibilidade de uma sucessão automática no Executivo.
A combinação dessas duas decisões produz um terceiro fato político igualmente irreversível: a realização de uma eleição indireta na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte para a escolha de um governador com mandato tampão. As regras desse processo ainda precisarão ser definidas, mas o mecanismo constitucional passa a ser o único caminho disponível.
Com a eleição indireta no horizonte, os movimentos internos da Assembleia ganham centralidade. De acordo com informação do jornalista Diógenes Dantas, publicada no Agora RN, haveria um entendimento prévio entre os deputados para a escolha de um nome da própria Casa. Como o colégio eleitoral será formado pelos 24 parlamentares, a lógica de um acordo interno se impõe.
Hoje, apenas dois deputados estaduais não serão candidatos à reeleição em 2026: José Dias, do Partido Liberal, e Vivaldo Costa, do Partido Verde. Um representa a oposição de direita, o outro integra o campo governista de esquerda.
Nos bastidores, cresce a leitura de que a disputa pode se concentrar justamente entre esses dois nomes. Ambos estariam em fim de carreira política, o que reforça a ideia de um mandato tampão como gesto de reconhecimento institucional. Vivaldo Costa já ocupou o Governo no passado; José Dias, por sua vez, teria a oportunidade inédita de chegar ao cargo máximo do Estado.
Nesse contexto, o PT sinaliza disposição para retirar de pauta a proposta de Fernando Mineiro de indicar Cadu Xavier para o mandato temporário, abrindo espaço para Vivaldo. No campo oposicionista, há consenso no PL em torno do nome de José Dias.




