O PT resolveu colocar uma pedra sobre dois assuntos que, vez por outra, condicionam o projeto político do partido no Rio Grande do Norte. Vira e mexe, volta à tona a possibilidade de Walter Alves desistir da desistência, assim como retorna a questão envolvendo Zenaide, como se o PT ainda estivesse à espera da senadora.
A governadora Fátima Bezerra tratou de sepultar o tema relacionado a Walter Alves. Em Mossoró, Fátima afirmou que a decisão dele de não disputar a eleição está consolidada — ou, em outras palavras, finalizada. O que ela quis dizer é que esse é um assunto encerrado, sem possibilidade de retorno.
Já no caso de Zenaide, quem colocou uma pedra ainda maior foi o pré-candidato do PT ao Governo, Cadu Xavier. Ele deixou claro que, na visão dele, a senadora já escolheu o lado em que quer estar: “Zenaide e Allyson estão do lado dos golpistas contra a democracia”, disse Cadu.
As duas declarações devem ser consideradas com o peso que possuem. Fátima foi enfática ao afirmar que a reviravolta de Walter está definitivamente encerrada, e Cadu não deixou margem a dúvidas ao declarar que Zenaide optou por se alinhar aos golpistas.
É preciso compreender bem essas afirmações.
Ao considerar o assunto de Walter finalizado, a governadora indica que qualquer mudança agora significaria quebra de compromisso. Walter teve a oportunidade de disputar com o apoio de Lula e do PT; como declinou, o partido avançou em outro projeto — e uma reviravolta, neste momento, seria inaceitável.
Já a fala dura de Cadu sobre Zenaide abre margem para interpretações, especialmente no que se refere ao voto dela no Senado, que interessa ao governo do PT. Ainda assim, dificilmente o PT potiguar extrapolará o campo local, e tampouco parece que Zenaide deseja levar essa ruptura para a esfera nacional. Para a imagem dela, depois de tantos anos no campo progressista, não seria positivo romper também com Lula.
Com a definição mais clara que o PT deu ao seu futuro, o partido deve agora avançar na busca do vice de Cadu — ainda aguardando uma posição da prefeita de Pau dos Ferros, Marianna — e na escolha do segundo nome da chapa ao Senado, responsabilidade que cabe ao MDB.