Durante um jantar com empresários em Brasília, o senador Rogério Marinho disse que, em relação a 2026, os planos do PL nacional se resumem a três. O plano A é Jair, o plano B é Messias e o plano C é Bolsonaro.
Ungido para ser o grande articulador da família Bolsonaro, escolhido pelo próprio ex-presidente, com o aval de todos os filhos, Rogério tem sido um porta-voz fiel. Ele reafirmou convictamente aos empresários que Jair Bolsonaro será candidato a presidente no ano que vem, será escolhido em convenção nacional do PL e vai requerer ao TSE o pedido de registro da candidatura, como determina a legislação.
Segundo o senador potiguar, não há como a Justiça Eleitoral negar o registro da candidatura de Bolsonaro, por isso ele acredita que será deferida pelo TSE. “O TSE vai dar o registro a Bolsonaro, não há como negar”, disse.
É claro que Rogério não acredita nisso. Assim como é claro que ele sabe que está vendendo fumaça. Mas ele não se preocupa com a veracidade do que fala nem com as aparências.
Rogério aceitou uma missão ao assumir o papel de tutor dos Bolsonaros, até mesmo porque deve ter feito seus cálculos políticos e escolhido agir dessa forma. Rogério é um homem inteligente e hábil, estando plenamente ciente do que está fazendo. O senador sabe o que tem a lucrar politicamente com esse papel.
Minha crítica ao senador é que, com esse tipo de discurso, ao afirmar que o TSE não terá como negar o registro de candidatura a Bolsonaro em 2026, ele está dizendo ao Brasil que Bolsonaro está acima da lei. A lei é para todos, menos para Bolsonaro.
O ex-presidente está inelegível por um período de oito anos, condenado em dois processos e, portanto, não pode legalmente concorrer a nada em 2026. No entanto, Rogério, com seu discurso de que a lei não vale para Bolsonaro, sai dizendo por aí que, mesmo inelegível, o TSE vai olhar para Bolsonaro de um jeito diferente. Que, apesar das acusações e dessa situação, a Justiça Eleitoral vai ignorar a inelegibilidade.
Seria como se o TSE proclamasse em alta voz: “Para Bolsonaro, a lei não vale. Vamos dar o registro a ele porque ele está acima de todos.”
Ora, Rogério, menos, menos. Não nos trate como idiotas.