De aprovação recorde e gestão modelo ao tsunami administrativo: o segundo mandato turbulento de Allyson Bezerra

Quando foi reeleito para o segundo mandato, com 78% dos votos dos mossoroenses, o prefeito de Mossoró, Allyson Bezerra, ostentava 86% de aprovação da sua gestão. Havia um claro reconhecimento de que ele e sua equipe entregavam o que a população esperava.

No entanto, logo em janeiro, nas primeiras semanas do novo mandato, o prefeito provocou um verdadeiro “tsunami”. Fez uma reforma administrativa ampla, geral e irrestrita: trocou quase todos os secretários, exonerou em massa e instaurou nas secretarias um clima de perplexidade e medo. O time que estava ganhando foi desfeito.

O decepcionante desempenho do engenheiro Almir Mariano à frente da Secretaria de Saúde — que culminará, nesta semana, na sua substituição — tem menos a ver com sua capacidade técnica e mais com a barbeiragem cometida pelo próprio Allyson. As UPAs incapazes de realizar exames, a bizarrice dos moletons como fardamento escolar, a Ouvidoria Geral sem ouvidor há seis meses, secretarias recém-criadas funcionando de forma precária e mambembe, a troca inexplicável de todos os diretores financeiros e assessores jurídicos das pastas e o excesso de cargos comissionados são alguns resultados do novo modelo de gestão.

Quem conhece de perto a estrutura administrativa da Prefeitura sabe do que se fala. Há um clima ruim, e servidores se sentem perdidos. Na minha avaliação, há três razões principais para a situação ter chegado a esse ponto:

1. Modo centralizador e prefeito inacessível

Na Prefeitura, a regra é que os secretários não têm autonomia. Muitos nem conseguem comprar uma simples resma de papel sem autorização. No primeiro mandato, mesmo sem autonomia, as ações eram executadas porque o prefeito estava presente: reunia a equipe, atendia ligações, respondia mensagens e, assim, fazia a gestão fluir.
Agora, com o foco voltado para a eleição de governador, secretários reclamam que não têm mais acesso a ele. Allyson não atende ligações, não responde mensagens e não recebe a equipe. Há secretários que, em 2025, ainda não tiveram sequer uma reunião com o prefeito. Sem acesso e sem autonomia, as pastas ficam paralisadas, aguardando até autorizações mínimas.

2. Mudança de foco da gestão

Toda a equipe percebe que Allyson deixou de priorizar a administração. Viagens constantes a Natal e outras cidades, encontros e reuniões políticas têm colocado questões administrativas em segundo plano.
A agenda interna da Prefeitura se resume ao “oba-oba” das entregas, festas e vídeos para as redes sociais, buscando likes. Reuniões de trabalho com secretários praticamente desapareceram, e a impressão é que a rotina administrativa do dia a dia foi repassada ao vice-prefeito, Marcos Medeiros.

3. A agenda administrativa virou uma agenda de festas

Nos últimos três meses, mais de dois terços das postagens do prefeito nas redes sociais foram sobre eventos festivos. Durante o Mossoró Cidade Junina (MCJ), foram mais de duzentas publicações. Encerrado o MCJ, veio o Mossoró Sal e Luz, seguido pela Feira do Bode, e assim por diante.
O Diário Oficial do Município, nesse mesmo período, está tomado por contratações de bandas, cantores, estruturas de palco e tendas, enquanto atos relacionados à vida administrativa, licitações e obras praticamente desapareceram.
É verdade que essas festas já existiam, mas o que chama atenção agora é o superdimensionamento desses eventos.


Conclusão
Embora as próximas pesquisas de avaliação devam manter a aprovação de Allyson em alta — herança do primeiro mandato —, há sinais claros, de dentro para fora, de que a realidade mudou. Em conversas com secretários, comissionados e servidores, o sentimento predominante é de desconforto e até de medo.
Os indícios de que algo está errado se acumulam. E há sempre a opção de fingir que não se vê.

Compartilhe agora:

MAIS POSTS