É, no mínimo, curiosa a aliança política entre os senadores Rogério Marinho e Styvenson Valentim. Declarações públicas de ambos indicando alinhamento e certa cordialidade são relativamente frequentes, mas, para além das palavras, faltam gestos que demonstrem alguma proximidade real.
Para se ter uma ideia, Styvenson não compareceu a nenhum dos doze eventos realizados pelo PL nos últimos seis meses dentro do projeto Rota 22. Nem mesmo reuniões estratégicas, como a filiação de Jorge do Rosário em Mossoró — quando ele assumiu o comando municipal do partido — foram suficientes para que Styvenson se dispusesse a viajar até a cidade.
O senador tem feito sua própria agenda, sem a presença ou participação dos futuros aliados. “Ele não convida ninguém, nunca chama ninguém”, relatou um pré-candidato do PL para 2026 que pretende apoiá-lo.
Quando se fala na aliança entre Styvenson e Rogério, é preciso entender que o PL tende a entregar muito mais do que receberá. Há uma enorme base já estruturada: dezenas de prefeitos, centenas de vereadores e diversas lideranças que irão pedir votos para o jovem senador. Mesmo assim, nem esse suporte tem motivado Styvenson a realizar gestos mínimos de cordialidade política.
Há quem justifique essa postura como estratégia, sustentando que Styvenson tenta preservar a imagem de antipolítica: alguém que não convive com políticos, não gosta de políticos e afirma não ser político. Nesse contexto, evita aparecer ao lado do próprio grupo, preferindo o isolamento.
O que percebo, contudo, é que essa conduta já provoca desconforto entre aliados. “Parece que ele não precisa de ninguém, e apoiar ele é um favor que ele está nos fazendo”, reclamou a liderança do PL mencionada.
Ainda assim, a expectativa de ter Styvenson no palanque é o que segura o aumento dos sussurros internos. Mesmo contrariados, os aliados avaliam que engolir o desdém do senador é o preço a pagar para fortalecer a chapa. Até quando isso será tolerado, ninguém sabe. O incômodo, porém, já é evidente.




