Os 100 primeiros dias da segunda gestão de Allyson Bezerra à frente da Prefeitura de Mossoró apresentam grandes diferenças em relação aos 100 dias da primeira gestão. São dois momentos distintos. No início do primeiro mandato, ele estava assumindo a Prefeitura sem conhecer profundamente a máquina administrativa, os programas e os desafios da gestão pública — era, como se diz, um marinheiro de primeira viagem. Já neste segundo momento, Allyson conhece bem a estrutura; é o capitão experiente, que domina o funcionamento do navio e os caminhos a seguir.
Não pretendo fazer uma comparação direta entre os dois períodos, mas utilizo essa referência apenas para situar o leitor sobre as diferentes circunstâncias que envolvem cada etapa.
Allyson iniciou sua segunda gestão com a aprovação de 86% da população, respaldado por expressivos 78% dos votos válidos — um total de 113 mil votos. Diante de si, havia dois caminhos possíveis: dar continuidade ao que vinha sendo feito ou romper com o passado e adotar uma nova rota. O prefeito escolheu uma terceira via: uma mescla entre continuidade e mudança.
A reforma administrativa implementada por Allyson resultou na criação de novas secretarias, no desmembramento de outras e em uma espécie de rodízio entre os membros da equipe. A exoneração em massa dos cargos comissionados e a realocação da maioria desses servidores causaram um verdadeiro choque na estrutura administrativa.
Atualmente, há duas linhas de análise sobre esses primeiros 100 dias. A primeira tenta compreender o objetivo do prefeito ao reorganizar as equipes e modificar a estrutura. A segunda levanta o questionamento clássico: “em time que está ganhando, não se mexe”.
Pessoalmente, alinho-me à corrente que interpreta a reforma como uma tentativa de sacudir o time, evitar a acomodação e aproveitar melhor o potencial de alguns auxiliares. Foi uma atitude ousada. No entanto, também reconheço a legitimidade dos argumentos daqueles que se sentem contrariados ao ver a máquina administrativa funcionando em ritmo lento e ainda com muitos cargos vagos.
Diante disso, não há como negar que o principal marco desses 100 primeiros dias da segunda gestão de Allyson Bezerra é a própria reforma administrativa. Isso se torna ainda mais evidente considerando que grande parte das obras em execução é oriunda da primeira gestão.
Como a reforma ainda não foi completamente concluída e muitos cargos seguem sem titulares, ainda não é possível avaliar se o impacto será positivo ou negativo. Será necessário aguardar mais 100 dias para realizar uma análise mais precisa.