A questão do aeroporto de Mossoró precisa ser abordada de uma nova forma.
Mossoró é uma cidade com cerca de 300 mil habitantes e possui serviços, indústria e comércio que impactam diretamente a vida de mais de 1 milhão de pessoas em seu entorno. Sua localização geográfica, entre Fortaleza e Natal, lhe confere uma importância destacada nos setores de turismo e serviços.
Desde meados do ano passado, a Infraero iniciou um projeto de ampliação e modernização da estrutura do aeroporto da cidade, com um investimento de R$ 40 milhões.
As obras incluem o reforço da pista, pavimentação de toda a área de acesso, incluindo o estacionamento, construção do muro de contenção, instalação de equipamentos de segurança no perímetro e do equipamento de segurança aeronáutica na cabeceira da pista, além da ampliação da iluminação.
Tudo isso, no entanto, para um aeroporto fechado. No momento, nenhum voo comercial decola ou aterrissa em Mossoró.
Ontem, o prefeito Alysson Bezerra fez um apelo à governadora Fátima Bezerra para que a empresa Azul retome os voos comerciais para a cidade. No entanto, entendo que a abordagem deveria ser outra.
O que tivemos recentemente foi uma experiência negativa com a Azul e a Voepass. Não havia como aquilo dar certo. Os voos eram totalmente irregulares, os preços muito altos, os atrasos constantes e a taxa de cancelamento elevada. Frequentemente, passageiros tinham seus voos cancelados e acabavam sendo transportados em vans ou táxis.
Diante desses problemas, ninguém com um compromisso inadiável em outra cidade se arriscava a voar pela Azul, devido aos atrasos e cancelamentos frequentes. Além disso, as aeronaves estavam em péssimas condições, sem ar-condicionado e com infraestrutura deficitária.
As empresas alegaram baixa demanda para justificar a suspensão dos voos em Mossoró, mas foram elas mesmas as responsáveis pelo desinteresse da população.
Mossoró tem potencial para receber aeronaves maiores, com voos mais estruturados e garantias de horário. O que não cabe mais é um projeto “meia boca”, em que comprar uma passagem e embarcar se torna quase uma aventura.
Minha sugestão é que o prefeito, a governadora, a classe política, os empresários e representantes da população discutam um projeto com visão de futuro. Trazer a Azul de volta nos mesmos moldes anteriores seria pior do que ficar sem voos.
Com os investimentos no aeroporto, chegou a hora de apresentar uma proposta concreta para a Latam, a Gol ou até mesmo para a Azul, desde que com voos diretos para São Paulo, no mínimo.
O Mossoró Cidade Junina está prestes a começar, e atualmente qualquer turista interessado em vir para a festa pode estar pensando em desistir. É vergonhoso que tenhamos uma das maiores festas juninas do Nordeste e sem um único voo disponível.