Projeto político que ignorar a polarização em 2026 corre risco de ficar pelo caminho

Tenho escrito algumas análises sobre a polarização nas eleições de 2026, justamente tentando demonstrar a importância desse tema. Tenho percebido que há muita divisão quanto às evidências de que, no ano que vem, ainda teremos uma eleição nos moldes de 2022, em que dois lados centralizam a atenção do eleitor com suas pautas.

Não tenho nenhuma dúvida de que, na próxima eleição, ainda veremos o predomínio da polarização. E o exemplo mais concreto disso pode ser visto agora, com o falecimento do Papa Francisco. Basta olhar as redes sociais: para uns, ele é o “Papa comunista”, “Papa de esquerda”; para outros, é o “Papa dos pobres”, o “Papa da acolhida”.

E não se trata apenas da morte do Sumo Pontífice da Igreja Católica. Observemos também o que está acontecendo nos Estados Unidos: nos debates públicos, há brasileiros que adorariam ver Trump taxando o Brasil o máximo possível — e outros que o consideram um lunático.

A ideologização está presente todos os dias: nos grupos das redes sociais, nas rodas de conversa sobre futebol, nas reuniões de família, nas igrejas. Ainda estamos dominados por debates sobre banheiros trans, aborto, escola sem ideologia, fim da diversidade, instituições ameaçadas, voto impresso — até vacina, vez ou outra, volta à pauta.

Aqui no Brasil, temos no centro do debate o julgamento do golpe. Houve golpe? Não houve? Velhinhas, bíblias, plano de assassinato de presidente, anistia, facada ou “fakeada”… Enfim, é isso que circula diariamente nos grupos.

Retomo esse tema porque vejo, aqui no Rio Grande do Norte, projetos políticos apostando que essa polarização já passou. Que a população quer mesmo discutir temas como escola de qualidade, saúde para todos, melhores estradas, abastecimento de água. Seria ótimo se fosse assim, pois são questões que interessam a todos nós. Mas não é isso que domina as redes sociais. Basta dar uma olhada.

Com habilidade, tanto o bolsonarismo quanto o petismo buscam, diariamente, alimentar essa polarização. É uma aposta calculada. Os dois lados se retroalimentam dessas polêmicas — e, com habilidade, excluem do cenário as vias alternativas.

O ideal seria que não fosse assim, mas esta ainda é a realidade. Por isso, erra quem aposta que 2026 será diferente.

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